15 de jun. de 2014

Limite Psicológico

Quase todos os dias, escrevo sobre as dificuldades de aprendizagens. Pesquiso e de certa maneira, busco alternativas, ferramentas que nada mais são do que suportes  para os educadores ajudarem os alunos a transpor suas barreiras. E, assim tornar o processo de aprendizagem mais ameno e suscetível a compreensão…

Pontualmente aqui, faço um paralelo entre a dificuldade de aprendizagem com os limites psicológicos no Universo do BDSM. Sobretudo nos primórdios de uma D/s.


Contextualizando os dois temas, temos que, quando acontece o limite psicológico, há um travamento no agir e reagir, ou seja, o psicológico não encontra ferramentas pra ajudar a submissa a transpor a barreira instalada, assim como o aluno na dificuldade de aprendizagem, são necessárias certas ‘muletas’ para alcançar o objetivo.

Diferente de um limite físico, no qual a escrava sente na pele, literalmente, a graduação da força e, desse modo, pode avançar  mais intensamente na superação. No limite psicológico é preciso outro tipo de auxilio, mais precisamente, o suporte do Outro, a guia, a benevolência, a consideração do Dono em prol da submissa para ampará-la na ruptura de tais barreiras.

No sistema de aprendizagem o educador usa o termômetro da nota pra medir o progresso deste processo. E, qual seria o termômetro do Dono para auxiliar sua condução no avanço de seu ‘sistema de ensinamento’  rumo a uma Dominação plena??


Bem, muitos não gostam de utilizar tal ferramenta, uns até  ironizam afirmando que quem usa esse medidor é fraco como Dominador. Não concordo com opiniões desse tipo. Ao entregarmos nosso corpo e nosso bem mais importante, nosso psicológico, nas mãos de Outro, ficamos a mercê do discernimento, da prudência, da ponderação e  da maturidade da parte Dominante para mostrar-nos o melhor caminho sobre nossas escolhas e decisões. Logo, o uso da safe word, primordialmente no quesito psicológico, passa a ser um importante  instrumento pra segurança emocional de A/ambos.

Intrigante essa tranposição de barreiras  no BDSM. Um é portador do limite e um Outro é acionado a ajudar nessa travessia?

Simmmmm, BDSM , um jogo para D/dois. E nesse Jogo de responsabilidades, confiança e cumplicidade o Dono, não mais um simples Dominador, tem a posse, logo usa e cuida.  Então ele se torna responsável pelos avanços psicológicos de sua propriedade também e não somente os físicos, assim como o educador que vai buscar as ferramentas necessárias para o aluno aprender mais confortavelmente.

O Dono é como um educador. Ambos  responsáveis  e atentos  ao desenvolvimento de sua ‘turma’. No caso de um Dono, ele espera que sua submissa seja capaz de aprimorar seus comportamentos físico e emocional. Já a submissa confia e espera que seu Dono tenha sabedoria de aplicar práticas condizentes com o estilo da R/relação acordada.

Assim como na relação Educador-educando o respeito, a pré-disposição de ensinar e aprender e o desenvolvimento dos envolvidos são pressupostos de fundamental importância para o processo de aprendizagem, em minha humilde opinião, na D/s acontece isso de maneira similar, pois tanto o  Dono como a submissa mantêm uma relação de cooperação sempre interagindo ativamente para o desenvolvimento de A/ambos.


No BDSM, pontualmente, na D/s. O Dono ciente da dificuldade do avanço psicológico de sua submissa a orientará com responsabilidade, conduzindo–a de maneira atenta e gentil.

Dessa maneira, fornecerá o apoio e ajudará no descobrimento de estratégias para que ela vença qualquer tipo de limite psicológico. Fazendo de sua peça, uma dedicada, honrada e orgulhosa APRENDIZ.


ternura εïз
submissa, SP

8 comentários:

{Λїtą}_ŞT disse...

Perfeito, ternura.

Essa questão de transposição de limites é a que mais depende de condução, se já para os físicos, principalmente ainda para os psicológicos.
São precisos pulso e impulso. O pulso firme do Dono é que dá a força e o impulso, o incentivo é que dá a coragem necessária.
Sem isso fica difícil sair do lugar.
Parabéns pelo paralelo muitíssimo bem traçado.

Beijos

ternura disse...

obrigada @vitinha e @amar pela permissão da postagem. muito bom ter oportunidade de interagir com vcs.

Esta questão do limite sempre me impulsionou pra ir mais longe. visto que , sempre acreditei na máxima 'limites existem para serem quebrados".

no entanto, meu maior limite sempre foi o psicológico...deste modo, somei minha atual vivência e meus achismos, com a devida autorização, tracei o paralelo apontado no texto para trocarmos idéias, experiências, conhecimentos e assim aprender mais para uma melhor desenvoltura de minha amada condição de submissa.

bjs ternos

lioness disse...

ternura, é exatamente isso que entendo, é essa a visão que tenho de um relacionamento D/s. Vou postar aquele texto que mostrei a você, que é exatamente o resultado dessa busca, superar-se e provocar essa superação.
Grata por compartilhar.
bjs

anngeel disse...

Ótimo texto . Claro e direto. Parabéns!

_lua_ disse...

Bacana o texto, @ternura. :)

Trabalhar com o psicológico realmente não é tarefa fácil, se muitos possuem dificuldades com suas próprias cabecinhas, imagina quando possuem outras a sua mercê.
Deus me livre em me relacionar com um lunático.. rs

Eu mesma demorei pacas até descobrir me encaixar no tão complicado ' masoquismo psicológico '. E só depois que meu Dono percebeu esse detalhe muitas coisas fizeram sentido e Ele soube guiar N/nossa relação para que ambos pudessem tirar um maior prazer desta particularidade... mas até descobrirmos essa singularidade, foram tempos cabulosos. rs

Mas desde então, alguns limites a mais foram superados, e continuam sendo dia a dia.

Sempre que vejo um texto novo no Fet, venho rapidinho apreciá-lo.

Bjos, meninas!

Viking_SP disse...

Acho a dominação psicológica um elemento muito interessante, gosto muito de todas as formas, desde as torturas psicológicas até a doutrina, onde se posta como Dono, e desta forma, se aproveitando da entrega, doutrina a sub de forma a ajudá-la a vencer medos, barreiras e também a se descobrir e tornar-se uma pessoa cada vez melhor aos olhos do Dono.
Dominar não é apenas usar o castigo físico ou usar a submissa como entende, mas sim entender que a entrega da submissa deve ser usada como um todo, para também guiar entre os caminhos perigosos e difíceis fazendo com que ela chegue ao fim sempre de forma renovada, feliz e satisfeita por estar certa de estar nas mãos de alguém que além de tudo quer o bem dela.

luah negra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
luah negra disse...

Olá , ternura...
Deixando aqui o meu pitaco...

Limites , físicos ou não , são sempre difíceis de serem quebrados , penso que antes disso , eles precisam ser trabalhados...pois , ambos se iniciam no psicológico , e se ele não for respeitado , trabalhado pouco a pouco , o objetivo final dificilmente será alcançado de forma satisfatória para ambos .
Se por um lado buscamos ultrapassá-los , por outro , a condução desse processo pode ser determinante no seu resultado final .

Muito bem colocada a questão da condução , parabéns .
Beijos !